sexta-feira, fevereiro 02, 2007

déjà vu

as visões do passado vigiam meu quarto vazio.
as paredes, o chão e o teto não estão no devido lugar.
a paz dos meus passos de agora se escondem do mundo e de mim,
mas se mostram em meu dé jà vu.

medos, desordem. não sou quem você quer ver.
meus atos e os ritos não vão desaparecer.
receio que os gritos não consigam te convencer
que o pior há de vir e há de nos encontrar bem aqui.

medos, desordem. não sou o que você quer ouvir
meus gritos, meus desagrados vão te afugentar daqui
receio que o pior há de vir transformar nossos sonhos
quando nos encontrar. quando? quando?

nossas criações e reações orientam meu caminhar
me protege do frio, purificam meu sangue.

veja o que os nossos sonhos viraram: história, história.
veja o que os nossos sonhos viraram: história.

quando as visões do passado deixarem meus passos em paz
você descobrirá que não há nada além de um espelho pra ver...

medos, desordem. não sou o que você quer ver
meu rosto, meus gritos não vão desaparecer
receio que o pior há de transformar nossos sonhos
quando nos encontrar. estamos esperando.

Um comentário:

Reginaldo Mesquita disse...

Déjà vu: uma idéia para introdução, no violão, uma música feita inteiramente em estúdio. Déjà vu é uma das músicas cuja composição seguiu um caminho bem interessante. Nada de estrutura toda pronta no violão para acompanhamento da banda, nem linha melódica pré-definida da qual os acordes pudessem "acordar". Bastou uma introdução em E (Mi) e um misto de compasso 4/4 (leia: UM, dois, três, quatro...) e 6/8 (leia: Um dois três, Quatro cinco seis, em ritmo de valsa) para sustentar uma canção cujo tema trata de "ter a impressão de que aquilo já aconteceu". Vale lembrar que também a letra (e a melodia) foram compostats à medida que a música ia sendo executada pela banda, em estúdio. Um pouco menos de persistência, e Déjà vu seria hoje uma música instrumental.
A letra persegue não só a idéia de impressões de coisas já vividas, mas também o fato do passado nos acompanhar por toda a vida, em especial os medos que tentamos ignorar à medida que vão surgindo (medos que aparecem para nos arrancar confissões e lágrimas, para aferir nossa coragem e sanidade, para nos chamar para enfrentá-los).
Um dia nossa casa desmorona (paráfrase de "um dia a casa cai" - mãe, um abraço!), e um lugar que julgávamos seguro deixa de existir. Ficamos, então, à mercê de nós mesmos (de nós medos!): eis a maior de todas as lutas.