sábado, junho 23, 2007

novidade ideológica

dedicado à mafalda (Quino)

identidade alterada
nova caminhada, inovações
falhas na memória
lembro-me de outra história, confusões
braço erguido
não foi isso o desejado, convulsões
mundo sem gravidade
nada pesa nos ombros, alucinações

a palavra sobe e desce no elevador (vem-e-vai)
os casais não mais se odeiam quando finda o amor (mãe-e-pai)
já consigo descansar mesmo tendo um lar ausente
a felicidade foi pra guerra e achou melhor vir cantar

os aero-modelos dão em árvore
tudo o que se planta dá
tudo o que se quer tem
tantas ruas na vida que nem consigo contar

(não dá mais pra ir de trem!)
chegamos no ponto final
da cirrose, do câncer, do fumo
do frio, da fome e do nome (dos inimigos de HQ)
da corrupta políti(ti)ca
da posse do amor
do esporte único

e da hipocrisia de se ter um dia
pra carnavalizar, pra sorrir, pra chorar
pra jejuar, pra compartilhar, doar
pra ver a vó, pra aspirar pó
pra se sentir só, re si sol dó
lá... lá lá lá lá lá lá lá lá

filho, acorda, mamãe vai passear
não abra a porta pra estranhos

vem-e-vai, mãe-e-pai, lar ausente, é melhor cantar
árvore, dá, doar, tem que contar trem, ponto final

tudo bem (eu tô legal), mamãe
Mamãe,
e se for a felicidade?

vem-e-vai, mãe-e-pai, lar ausente, é melhor cantar
árvore, dá, doar, tem que contar trem, ponto final

ciranda

no meio do quintal um coração
pulando a luz do sol a procurar
antigas cantigas de roda pra brincar de roda
no meio do quintal

pulando a luz do sol um coração
a procurar antigas cantigas de roda
pra brincar de roda em forma de oito ad infinito
no meio do quintal um coração

no meio do quintal um coração
pulando a luz do sol a procurar
antigas brincadeiras pra cantar
no meio do quintal

pulando a luz do sol um coração
a procurar antigas brincadeiras pra cantar
lembranças de um quintal no coração
passado de bonito

voar
voar

no meio do quintal um coração
com um passado passado de bonito
no meio do passado um coração
perdido

dia de referendo

Quantos amigos você não visita mais?
Daqueles que você chega, se acomoda e deita e rola de rir
Quantos momentos solitários, à luz do próprio quarto você preferiu passar?
Que coisa insólita!

Se a alegria reunida
Estava na sala de estar
De um amigo ignorado...

Eu vou pra lá, curtir a vida
Seguindo a ordem, quem não gostar se vista e saia
Tomar partido na briga dos amigos
E me mostrar capaz de conversar

Quantas bobagens você é capaz de suportar?
Daquelas que você ouve, se incomoda e começa a refletir
Qual momento eleitoral você foi capaz de ignorar?
Que coisa hipócrita!

Se o escolhido pelo povo
Não fará nada de novo...

Eu vou pra lá, seguir a vida
Curtindo a ordem, usar das drogas proibidas por lei (seca!)
Não se intrometa em minha decisão
A não ser que o seu discurso seja a única munição.

Eu vou pra lá, apreciar as vidas
Despreocupado, curtir as drogas permitidas por lei
Legislação da vida: se é "sim" ou "não" eu não sei.
Talvez um dia eu continue junto à solidão,
Mas hoje não!

Eu vou pra lá, curtir a vida
Seguindo a ordem, quem não gostar se vista e saia
Tomar partido na briga dos amigos
E me mostrar capaz de conversar

quinta-feira, junho 07, 2007

festa da zula (# 02)


Vai,
Contra o tempo.

# 01

sim, eu digo não

Se não devo negar algo
quando tenho que negar,
eu digo: não! e riem de mim.

Ofertam-me o caos, vindo na contramão,
de encontro à minha concepção
do certo e duvidoso.

Então, vejo-me obrigado a dizer que não:
"_Não! Não quero!", não me ouvem!
Tento negar, dizer não (só posso tentar dizer!).
Sim, nego. Digo: não! Digo quantas vezes for...
mas nem me ouvem (só posso tentar dizer!).

Sim, eu disse não, que não queria
Que bastava não rirem de mim.
Sim, eu disse não.
Sim, eu disse não.

Hoje culpam-me por ser negado também.
Culpam-me por negarem a mim
Como neguei, um dia, a alguém.

Então, vejo-me obrigado a dizer que não:
"_Não! Não quero!", não me ouvem!
Tento negar, dizer não (só posso tentar dizer!).
Sim, nego. Digo: não! Digo quantas vezes for...
mas nem me ouvem (só posso tentar dizer!).

em tempo de frio

Em tempo de frio é melhor nem se ver.
Frios gestos, toque amargo, pensamentos maus.
O dia não anda, não corre, não salta minha vida
que se encontra, mal se encontra, sem porquê.

Vejo-me tão cinza, em tom de branco falciforme.
Sorrio aos visitantes e, no entanto, o quanto choro
é suprimido e reprimido por meu dom.

O quanto minto não te importa,
e a porta está sempre aberta
pra quem quiser sair ou entrar,
pra quem quiser observar-me e até me ouvir.

Estou tão seguro quanto um bêbado (beijo) no asfalto.
Estou tão certo quanto um mais um são quatro.
E no meu quarto o que me resta é esperar
por quem não vai chegar...

O quanto minto não te importa,
e a porta está sempre aberta
pra quem quiser sair ou entrar,
pra quem quiser observar-me e até me ouvir.