terça-feira, fevereiro 27, 2007

van gogh

Hei, estou sentado num quarto
Cheio de arte inabstrata (Van Gogh me chama!)
Sei qual é o meu caminho
Destino certo de um certo rapaz
Por mais que a vida queime a chama
Chama queima a mão

caixinha de música

Vai buscar o que pertence a mim que ficou pela estrada
Caminhando vou sem estacionar ou permanecer parado
Vou dançando, mas vou devagar até você chegar

Não vou mais cobrir de cor os olhos teus
Vou sem dizer adeus, nem mesmo um obrigado
Meu corpo sofre combustão. Não estão tentando apagar

Seu quarto ficará vazio. Ninguém vai se lembrar
de proteger você do escuro

Não vou mais te ouvir
Sei que isso eu fazia bem
Não há mais quem possa entender
o que havia no lugar do seu criado-mudo

Eu vou sumir. Minha vida útil vai terminar
Não mais haverá canção de ninar
Não me deixe dançar até cair, bailarina

Não vou mais cobrir de cor os olhos teus
Vou sem dizer adeus, ou mesmo um obrigado
Não me deixe dançar até cair

Vai buscar o que pertence a mim que ficou pela estrada
Não me deixe dançar até cair, bailarina

Não vou mais cobrir de cor os olhos teus
Vou sem dizer adeus, ou mesmo um obrigado
Não me deixe dançar até cair

Vai buscar o que pertence a mim que ficou pela estrada

mundo capital

Quando vejo alguma coisa que vai dar problema
Eu não esquento, nem me afobo, estou num mundo desigual.
Sei da dor de ser negado e, sem cansaço, mudo o meu humor
A violência disso tudo está em vivermos num mundo capital.

Meus pés encontram restos da pobreza pra chutar em cada esquina.
E, sem pensar (o que é natural no mundo desigual), mando pra cima.
Alguém acha que é lançamento e cabeceia, sai pra comemoração: "-É goool!"
E o placar da ignorância é aumentado pelo tal do futebol (quando...)

Compram a minha mão-de-obra por tostões que não dão nem pro pão.
Amassado pelo diabo, vou assar na mão do meu patrão.
No fim do mês o mínimo vem, o menino vem, o mendigo vem...
Me sinto o troco da sociedade, é claro!, estou no mundo capital.

Mas e daí se tem problemas, tal e coisa, falta grana... não faz mal.
O que importa é que semana que vem, meu bem, é carnaval!

É carnaval no país do futebol, do capital, é carnaval!

vigília

Vamos passear de mãos dadas sob o céu de anil
Gozar os prazeres da nossa imaginação
Vamos correr daquilo que nos faz trancar a porta,
Entupir a aorta, perder o olhar primaveril.

Vamos fazer caminhada de madrugada
No quintal da esperança monitorada(os) por satélite
Vamos lutar contra o que nos faz tremer:
o frio, a fome e o nome dos inimigos de HQ.

Braços ao ar e o controle nas mãos de quem
não se desfaz do amor à morte de alguém.
Braços ao ar e o controle nas mãos de quem
odeia quem não se desfaz do amor.