quinta-feira, junho 07, 2007

festa da zula (# 02)


Vai,
Contra o tempo.

# 01

sim, eu digo não

Se não devo negar algo
quando tenho que negar,
eu digo: não! e riem de mim.

Ofertam-me o caos, vindo na contramão,
de encontro à minha concepção
do certo e duvidoso.

Então, vejo-me obrigado a dizer que não:
"_Não! Não quero!", não me ouvem!
Tento negar, dizer não (só posso tentar dizer!).
Sim, nego. Digo: não! Digo quantas vezes for...
mas nem me ouvem (só posso tentar dizer!).

Sim, eu disse não, que não queria
Que bastava não rirem de mim.
Sim, eu disse não.
Sim, eu disse não.

Hoje culpam-me por ser negado também.
Culpam-me por negarem a mim
Como neguei, um dia, a alguém.

Então, vejo-me obrigado a dizer que não:
"_Não! Não quero!", não me ouvem!
Tento negar, dizer não (só posso tentar dizer!).
Sim, nego. Digo: não! Digo quantas vezes for...
mas nem me ouvem (só posso tentar dizer!).

em tempo de frio

Em tempo de frio é melhor nem se ver.
Frios gestos, toque amargo, pensamentos maus.
O dia não anda, não corre, não salta minha vida
que se encontra, mal se encontra, sem porquê.

Vejo-me tão cinza, em tom de branco falciforme.
Sorrio aos visitantes e, no entanto, o quanto choro
é suprimido e reprimido por meu dom.

O quanto minto não te importa,
e a porta está sempre aberta
pra quem quiser sair ou entrar,
pra quem quiser observar-me e até me ouvir.

Estou tão seguro quanto um bêbado (beijo) no asfalto.
Estou tão certo quanto um mais um são quatro.
E no meu quarto o que me resta é esperar
por quem não vai chegar...

O quanto minto não te importa,
e a porta está sempre aberta
pra quem quiser sair ou entrar,
pra quem quiser observar-me e até me ouvir.